quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Um breve estudo: Entendendo a Inquisição

A Paz de Cristo,


Abaixo um estudo realizado e de responsabilidade do site O Fiel Católico, aqui reproduzido pelo Catequista Sidnei, pode trazer à luz mais conhecimento sobre um assunto tão delicado e que frequentemente somos questionados. 

Sugiro que ao sermos questionado sobre o assunto na catequese, seja antes realizado um estudo profundo sobre o assunto e este material será útil neste sentido.

Lembrando o significado de Catequese:  O Papa João Paulo II disse: "A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com fim de os iniciar na plenitude da vida cristã" (CT). Segundo O Novo Catecismo da Igreja Católica (1992) "no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai... Fonte: Site Catequisar (acessado dia 22/01/2015).

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Entendendo a Inquisição e as inquisições

Eis uma das citações favoritas daqueles que têm por hobby caluniar a Igreja. Mas o que eles sabem realmente sobre a Inquisição?

QUE IMAGENS nos vêm à mente quando pensamos na palavra “Inquisição”? Confissões arrancadas sob tortura e pessoas inocentes sendo queimadas na fogueira.

É comum ouvirmos gravíssimas acusações contra a Igreja toda vez que se toca nesse assunto. Muitos acham que a Igreja, se cometeu atrocidades no passado, não merece crédito hoje. E por puro desconhecimento da História, muitos católicos não sabem o que responder. A primeira pergunta a se fazer para quem critica a Igreja por conta da Inquisição é: que livro você leu sobre o assunto?

Muitas pessoas têm o péssimo hábito de afirmar categoricamente, como se fossem verdades absolutas, coisas das quais ouviram falar, que viram em algum filme hollywoodiano ou leram numa revista sensacionalista. Não negamos que a Inquisição cometeu abusos, mas é preciso conhecer a verdade dos fatos antes de formar opinião. Neste artigo, buscamos lançar alguma luz sobre a questão, com fundamentação na história real. – E não na imaginação de um diretor cinematográfico em busca de altas bilheterias.


O primeiro passo

Para começar a entender a questão, é fundamental conhecer o contexto mental, histórico, cultural e político da época. O maior de todos os erros ao se analisar este assunto é querer julgar fatos ocorridos numa outra era usando os padrões de moral de hoje.

A mentalidade, os valores éticos e os conceitos de moral mudam e progridem com o passar do tempo. Sem a consciência de que a moral humana evolui é inviável analisar acontecimentos antigos. Tomemos como exemplo o Antigo Testamento da Bíblia: os hebreus aplicavam a pena de morte por apedrejamento (Dt 21,18-21) aos membros da comunidade que transgredissem a lei de Moisés, até mesmo aos filhos desobedientes. Nos dias de hoje, uma pena dessas seria vista como desumana, hedionda. Naquela época, porém, dentro da mentalidade e da cultura daquele período histórico, era considerada um ato de justiça. O tempo passa e os conceitos de moral e justiça vão se aperfeiçoando. E, como cristãos, cremos que é Deus mesmo Quem nos dá a consciência e a capacidade intelectual para que possamos evoluir e viver cada vez mais e melhor o Caminho de Salvação, preparado para toda a humanidade e cumprido plenamente em Cristo.

O primeiro passo, portanto, é entender o óbvio: a Inquisição existiu num período histórico muito diferente do nosso, com padrões de moral e justiça completamente diferentes dos atuais. Diga-se que falar mal do rei era punido com a pena de morte, o que era visto por aquela sociedade como perfeitamente correto e justo. Dentro desse contexto, o que mereceriam os traidores de Deus?

O "telhado de vidro" dos acusadores da Igreja Católica

Outro erro grave é imaginar que a Inquisição Católica foi a única inquisição religiosa que existiu. Nesse período histórico, os governos de todas as nações eram extremamente violentos, a lei e a ordem eram mantidas com mão de ferro e as penas eram sanguinárias em todas as culturas, tanto as cristãs quanto islâmicas, hindus e pagãs em geral. Parece que uma página muito especial é descartada deste capítulo da História, por muita gente, quando se discute o assunto Inquisição. Responda rápido:

1) Que instituição religiosa condenou mais de 300 pessoas pela prática de bruxaria, decretando tortura e pena de morte na forca às famosas "bruxas de Salem"?1

2) Que instituição religiosa levou à morte mais de 30.000 camponeses anabatistas na Alemanha?2

3) Sob que ordens o médico espanhol Miguel Servet Grizar, o descobridor da circulação sanguínea, foi condenado a morrer na fogueira?3 

4) Quem mandou para a fogueira mais de mil mulheres escocesas, num período de seis anos (1555 - 1561)?4 

Sem dúvida muita gente responderia rapidamente, sem pensar e sem medo de errar, que a responsável por todas as barbaridades citadas acima foi a Igreja Católica. Resposta errada: todos esses crimes foram cometidos pela Inquisição Protestante, que quase nunca é mencionada pelos maiores críticos da Igreja Católica, simplesmente porque esses críticos, na maioria das vezes, são protestantes. Conhecimento seletivo? Parece que sim. Certos "pesquisadores" de porta de boteco só procuram conhecer os fatos que parecem confirmar aquilo em que eles querem crer. 

Ocorre que também aqui, em terra Brasilis, a maioria dos que atiram pedras contra os católicos por conta da Inquisição é formada por protestantes/"evangélicos", - como é o caso do blogueiro Júlio Severo, que em sua página publicou um lamentável artigo intitulado, simplesmente: "Como querem combater a cultura da morte (...) quando se sentem à vontade com a cultura da tortura e morte da Inquisição?"... Um leitor deste blog me pediu que visitasse a página e respondesse ao acusador sem noção. Lendo o texto, senti vergonha alheia, e por que será que eu não me surpreendi quando os meus comentários, respeitosos e puramente elucidativos, apresentando inclusive fontes bibliográficas para o esclarecimento do tema, não foram publicados, - enquanto uma série de outros, do mais baixo nível (do tipo que chama o Papa de 'besta do Apocalipse') figuram incólumes naquela mesma página?

O que mostra a História real, porém, é que o Sacro Imperador Romano-Germânico Fernando I deu liberdade aos luteranos na luta contra os anabatistas, e o próprio Lutero escreveu um discurso, em 1528, no qual encorajou a perseguição dos que considerava hereges2. Como resultado, grupos da Inquisição Protestante esfolaram vivos os monges da Abadia de São Bernardo (Bremen), e depois passaram sal em suas carnes vivas, antes de pendurá-los no campanário do mosteiro3. Em Augsburgo, em 1528, cerca de 170 anabatistas foram aprisionados por ordem do poder público protestante, sendo que muitos deles foram queimados vivos e outros marcados com ferro em brasa nas bochechas ou tiveram a língua cortada.2 O célebre teólogo Johann Matthäus Meyfart (protestante ele próprio) descreveu a tortura aplicada pela Inquisição protestante, que ele presenciou, qualificando-a como uma intolerável “bestialidade”2, nos seguintes termos:

“Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Na Alemanha protestante, porém, a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias, outras vezes até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada. Esta é uma história exata e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer" ('Christliche Erinnerung, an Gewaltige Regenten und Gewissenhafte Prädikanten', 1629-32)

Importante - Por que mencionamos aqui, de modo especial, o "telhado de vidro" dos protestantes, acrescentando a este estudo o fato de eles simplesmente não terem moral para condenar os católicos? Nossa intenção não é (o que seria infantil e totalmente improdutivo) a vã disputa, e menos ainda buscar a nossa justificação nos pecados alheios. Só o fazemos para demonstrar a veracidade incontestável do primeiro ponto que apresentamos neste estudo: não é possível julgar fatos ocorridos em outras eras usando os padrões de moral de hoje, e ninguém, absolutamente ninguém, tem autoridade para fazê-lo. Se agirmos assim, não restará pedra sobre pedra, e a única solução possível seria renegar não só as religiões, mas também todas as ideologias e instituições humanas da História. Senão, vejamos:

• O judaísmo, raiz de praticamente todas as religiões ocidentais, em sua origem foi uma religião de práticas que hoje seriam consideradas hediondas. Prescrevia a matança dos desajustados e o apedrejamento dos blasfemos. Considerava imundas as mulheres no período menstrual, incentivava o ódio aos povos estrangeiros.

• O hinduísmo/brahmanismo legou à Índia um sistema que perpetua a crença na superioridade de certas classes de seres humanos sobre outras, e a cruel e violenta opressão da maioria sofredora. É o código sócio-religioso fundamental do hinduísmo, que influencia toda a estrutura daquela sociedade até os dias de hoje: os dalits (sem casta), são completamente excluídos da sociedade, denominados cruelmente "intocáveis” porque são considerados imundos e não podem ser sequer tocados pelos membros da sociedade. Recebem apenas serviços repugnantes, como lidar com lixo, esgoto, cadáveres e outros desse tipo. Até a sombra de um dalit deve ser evitada. - Para que se tenha uma ideia da gravidade da situação, quando os tsunamis de 2004 tragaram a costa de Tamil Nadu, o Estado indiano mais atingido, nem a tragédia foi capaz de fazer com que as vítimas superassem a discriminação: os "intocáveis" simplesmente não receberam nada das autoridades locais. Oficialmente, dez mil pessoas morreram por absoluta falta de cuidados! Registre-se que a sociedade indiana considerou o fato como perfeitamente normal, já que tudo é justificado pela crença na reencarnação (Soma Basu, 'Tsunami or Not, Dalits suffer Discrimination', em indianet.nl/a050712.html, 2005).

Mais: ao contrário do que se divulga, ao longo de toda a sua história o hinduísmo/brahmanismo perseguiu as outras religiões e seus adeptos, em especial os budistas. Pushyamitra Sunga (séc. II aC) foi um monarca brâmane que perseguiu os budistas durante todo o seu reinado, destruindo mosteiros e matando monges. Nas cidades de Bodhgaya, Nalanda, Sarnath e Mathura, grande parte dos mosteiros budistas foram convertidos à força em templos hindus. Esculturas, escritos antigos e obras de arte seculares de valor inestimável foram impiedosamente destruídos (R. K. Pruth, 'Buddhism and Indian Civilization', Discovery Publishing House, 2004, p.83).

** Atualmente, cristãos são perseguidos e mortos na Índia por motivos religiosos (se você tiver estômago forte, assista este vídeo).

• O taoísmo, filosofia espiritualista de origem chinesa, de doutrina introspectiva e supostamente pacífica, também causou destruição e mortes em sua história. Na China, ao fim da Dinastia Tang (1845), o imperador taoísta Wuzong proibiu todas as influências religiosas estrangeiras (zoroastrismo e cristianismo, entre outras), com o objetivo de apoiar o taoísmo. Ao longo de todo o território chinês o imperador mandou confiscar os bens de sacerdotes e fiéis cristãos, bem como de outros religiosos, além de destruir templos, capelas, mosteiros e casas de oração, causando derramamento de sangue de gente inocente pelo único motivo de compactuarem com a religião estabelecida (John Kieschnick. 'The Impact of Buddhism on Chinese Material Culture', Princeton, 2003, p.71). - E não estamos falando da Idade Média: isso aconteceu em pleno século XIX!

• O islamismo é certamente a religião em nome da qual mais se cometeram crimes bárbaros, e que mais deu ao mundo facções terroristas, como as atuais Al Qaeda, Taliban e Irmandade Muçulmana. É também, provavelmente, o regime que mais oprimiu as mulheres em toda a história da humanidade: um mal que, em não poucos países, continua ainda hoje. Tudo isso sem falar na pedofilia institucionalizada pela sociedade teocrática. - Valores medievais impostos à sociedade atual.

Poderíamos avançar infinitamente nessa abordagem das muitas religiões. O espiritismo, por exemplo, por ser um sistema proporcionalmente recente no quadro das religiões mundiais (e portanto surgido depois dos períodos da História mais notadamente marcados pela truculência), não possui um histórico de violência, mas nasceu de um embuste perpetrado por duas irmãs galhofeiras. Iludir pessoas que sofrem a perda de seus queridos falecidos oferecendo um falso consolo, isto não é uma forma sutil de violência e crueldade? E quanto às religiões da "nova era", consideradas pacíficas? Não é um fato que já nos deram Jim Jones, Charles Manson e David Koresh, entre tantos outros? Mesmo assim, muitos comentários que vemos e ouvimos nos dão a impressão de que muita gente realmente acredita que cometer erros ou arbitrariedades em nome da religião seja exclusividade da Igreja Católica.

E antes que os ateus militantes digam que o problema é com a religião...

Neste capítulo, nos concentramos nas gigantescas atrocidades cometidas por grupos e governos ateístas. No último século, os regimes ateístas mais poderosos, – a Rússia e a China comunista e a Alemanha nazista, – fizeram vítimas em números astronômicos. Stalin foi responsável por cerca de vinte milhões de mortes, provocadas por meio de genocídios, campos de trabalho forçado, julgamentos-espetáculos seguidos de pelotões de fuzilamento, deslocamento de população, fome e assim por diante.

O recente estudo de Jung Chang e Jon Halliday, publicado no livro "Mao: a História Desconhecida" (Companhia das Letras, 2013), atribui ao regime de Mao Tsé-Tung um número espantoso de setenta milhões de mortes(!). Um detalhe que faz muita diferença é que as matanças provocadas por Stalin e Mao, ao contrário daquelas causadas pelos expedicionários das Cruzadas ou pelos envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, aconteceram em tempos de paz e foram contra seus próprios compatriotas. No cômputo geral, o regime arreligioso de Hitler surge em um distante terceiro lugar, com cerca de dez milhões de assassinatos.

Tudo isso sem contar os assassinatos e massacres ordenados por outros ditadores soviéticos como Lenin, Khrushchev e Brezhnev, ou uma outra grande lista de tiranias ateias como as de Pol Pot, Enver Hoxha, Nicolae Ceausescu, Fidel Castro, Kim Jing-il, todos déspostas assassinos e sanguinários. 

Consideremos Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. Dentro desse período de quatro anos, Pol Pot e seus ideólogos revolucionários lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana, um número estimado entre 1,5 e 2 milhões de pessoas inocentes. Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao. Mesmo assim, ainda que nos concentrássemos apenas em Stalin, Hitler e Mao, teríamos que reconhecer que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas!

Os crimes de algum modo inspirados pela religião simplesmente não podem competir com os assassinatos cometidos por regimes ateístas. Mesmo levando em conta os maiores níveis populacionais, a violência ateísta supera a violência religiosa em termos proporcionais simplesmente indiscutíveis.

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